Vista da janela do meu quarto

Atravessando um quarto de um século

Recentemente, tive uma conversa com um ex-professor da Universidade, na verdade mais um velho amigo do que um ex-professor, e nós conversamos sobre o meu estado de espírito atual e prioridades que tenho na vida.

Lembro-me dizendo algo assim – eu estou em uma fase, uma fase um tanto desajeitada, mas eu diria que confortável, onde às vezes eu posso ser ingênua, louca ou estúpida sem ser vista como “velha demais para tal”, e em outras situações, gostaria de ser tratada com seriedade e respeito, como uma jovem profissional em uma curva de aprendizado contínuo.

O fato é que eu estou gostando desta fase paradoxal da minha vida e eu tenho consciência que essa é uma fase passageira, um momento de luxo que não vai retornar uma vez acabado. Quando somos jovens, temos sempre a sensação de que a vida ainda não começou – que “a vida” é sempre programada para começar na próxima semana, no próximo mês, no próximo ano. Mas ao olhar para o espelho e se deparar com o auto-envelhecimento e a dolorosa realidade que a nossa “tal vida programada” não chegou, nos encontramos com as seguintes perguntas:

“O que eu estava vivendo exatamente? Era tudo parte de um interlúdio? Onde esta todo aquele tempo que eu tinha antes? ”

Saboreando o velho, encarando o novo. Chegando ao momento de se jogar de braços abertos ao segundo quarto do século.

Eu totalmente reconheço que eu não sou velha e nem sábia o suficiente para dar qualquer conselho qualificado, mas se eu ousasse fazer uma tentativa, eu encorajaria todas as pessoas jovens e as jovens de coração, a se libertarem da prisão mental onde nos trancamos com tanta frequência. Admita, que no fundo, todos nós sabemos (por vezes, muito bem) como as externalidades tendem a conformar a nossa definição de “bem-sucedido”, “confortável”, “típico”, “medíocre” ou “miserável” com relação a nossa posição na vida. Nossas mentalidades estreitas são moldadas para aceitar (não sem luta) o que “precisa” ser feito em diferentes fases da vida. Nós nos queixamos sobre isso (o tempo todo), culpamos o universo inteiro, temos inveja e sonhamos em viver a vida de outros, uma vida que pensamos ser inacessível naquele momento, e como resultado, alimentamos apenas o desprezo pelo nosso próprio ser.

Não somos todos criaturas do mesmo tipo? O que há de errado nisso? O fato é que não há nada de errado com isso.

O que está errado, é que nós não fazemos nada sobre isso.

Continuamos a falar, sonhar e adiar tudo que se pode ser feito agora.

Ao longo do meu processo de auto-busca, meu objetivo é me convencer e incentivar a mim mesma que eu não gostaria de viver a vida de outra forma e se isso nao for possível, vou ter que começar denovo e denovo e denovo.

Deixe um comentário